Neste
dia 15 de junho de 2019, às 17,30 horas, coloquei minha calça jeans, minhas
botinas pretas, uma camisa bem grossa para o caso de alguma agressão física,
minha bolsa pequena à tiracolo com um lenço para o caso de qualquer agressão
com gás e, atendendo à exortação que foi feita ontem na manifestação contra a “deforma”
da previdência social, me dirigi até a Praça do Mallet. A conclamação era para
que mostrássemos ao bozzo que vinha visitar Santa Maria que por aqui havia
gente que não concordava com seu entreguismo e subserviência aos imperialistas
do norte e o destino do inominável era justamente o Regimento Mallet.
Qual
não foi minha surpresa quando ao chegar ao local e ver a praça lotada de
adeptos do fascista, todos com suas camisetas amarelas da seleção de futebol
(em relação às quais eu desenvolvi uma ojeriza irreversível) ou com a estampa
do dito cujo no peito. Andei disfarçadamente no meio deles para ver se
encontrava algum companheiro da jornada do dia anterior, mas encontrei apenas
um corajoso em um canto, vestindo um boné e uma camiseta do MST. Nas mãos uma
bandeira já sendo devidamente sendo enrolada.
Resolvi
telefonar para a Baixinha, pois eu havia brincado com ela antes de sair que eu
estava indo à luta para começar a revolução. Em tom jocoso, disse-lhe que
suspendesse meu enterro, pois pelo jeito, não me restava outro caminho que não uma
retirada honrosa.
Ainda
pensei em voltar e tentar conversar com o corajoso do MST, pois podia haver
algum grupo chegando, mas ao me aproximar, percebi que ele já estava sendo
cercado de bolsonaristas com caras de poucos amigos e em razão disso, resolveu
também se retirar.
Definitivamente,
percebi que as “tropas revolucionárias” não viriam, e como esta história de ‘exército
de um homem só’ não é comigo e nem tenho vocação para ser mártir de uma luta
que eu não tenha a mínima condição de vencer, decidi ir embora.
Quando
eu ia saindo, chegou a comitiva do bozzo com vária automóveis, carros da BM, da
polícia civil, uns três carros dos bombeiros e o grupo de admiradores ficou em
delírio gritando “mito, mito, mito”.
Bem,
fui caminhando frustrado por uma rua lateral e, tendo sido abortada a
revolução, como eu estava perto do mercado, resolvi entrar, comprar algumas
coisinhas e voltei para casa.
E
assim terminou o meu sonho de morrer com um pouco de dignidade, lutando por uma
causa que eu considero justa que é a de combater fascistas. E para encurtar a
história, o meu final do dia foi sentando na sala, tomando mate com a Baixinha,
comendo pão com mortadela e vendo uma novela. Para quem ia fazer uma revolução,
foi frustrante, não?
É
gente. Já não fazem mais revoluções como antigamente. Acho que estas coisas
estão fora de moda. E eu mais ainda...
Fico
me perguntando: será que agora só teremos revoluções virtuais? Uma coisa é
certa; um bom hacker faz mais estragos no inimigo do que um batalhão de bons
guerreiros armados até os dentes...No futuro, ao invés do Che Guevara, teremos
gente cultuando o Glenn Greenwald...Já fico imaginando os espertos capitalistas
tratando de criar uma linha de camisetas com a estampa dele e vendendo
milhões...Como dizia uma velha amiga prostituta, “guris, tudo é comércio”.
Jorge
André Irion Jobim
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