terça-feira, 25 de janeiro de 2011

UM BALDE D´ÁGUA


Econsciência

Observando a grande quantidade de água tratada que se perdia pelo ralo do banheiro enquanto eu tomava banho, foi que me veio a idéia de colocar debaixo de meus pés uma bacia para recolher aquela água que eu passei a guardar em um balde e a utilizar posteriormente para lavar o vaso sanitário.

A idéia pegou e logo toda a minha família aderiu a ela. Hoje mantemos sempre dentro do banheiro, não um, mas vários baldes nos quais vamos armazenando aquela água já utilizada. Como consequência, podemos afirmar que há mais de dois anos não puxamos a cordinha da descarga do vaso, o que faz com que deixemos de jogar fora uma grande quantidade de água que poderá servir para outras finalidades mais nobres que não a de limpar dejetos humanos.

Segundo pude me informar, a cada descarga que damos, no mínimo são desperdiçados seis litros de água potável. Segundo as normas brasileiras que regulamentam o tema, até o fim de 1999, era admitido que as bacias sanitárias consumissem até 12 litros d´água de descarga por ciclo. Mais tarde, visando reduzir o consumo per capita em nosso país, a partir do ano 2000 esse volume máximo foi reduzido para 9 litros e, a partir do ano 2002, para 6 litros. Segundo pesquisas, o vaso sanitário pode ser responsável por 25% a 30% do que se gasta em uma residência.

Bem, eu sou considerado um ecochato e a minha grande preocupação desde menino foi justamente a questão da poluição das águas e o desmatamento de nossas matas nativas. Para mim que cheguei a tomar banho no Rio Guaíba, foi triste assistir o processo de poluição desmedida a que foram submetidos os nossos rios com a consequente mortandade da grande quantidade de seres vivos que neles proliferavam. Aliás, eu sou um ateu assumido, mas sempre afirmo que se eu tivesse que eleger algum deus, eu faria tal qual os índios e escolheria um elemento da natureza para adorar. E esse elemento seria justamente a água. Ou um cão, quem sabe.

Conseqüentemente, a ideia não parou por aí. Logo estávamos colocando recipientes um pouco maiores do lado de fora da casa para captar a água das chuvas que nos outros dias são utilizados para regar as plantas (e para lavar o meu velho e claudicante Escort 84). Diga-se de passagem, que este é o grande segredo para o viço de nossos vegetais.

Bem, sei que muitas pessoas têm vergonha de aderirem a tais iniciativas, até porque velhas práticas de desperdício adquiridas em épocas de água em abundância são difíceis de serem erradicadas. Mas para aqueles que apenas passam a admirar um ideia quando ela lhes traz uma vantagem financeira, devo dizer que pesquisando na vizinhança, pude perceber que a nossa conta de água fica sempre entre a metade até um sexto do valor da conta de nossos vizinhos.

Além de ser um benefício para o bolso, é também um alívio para nossa consciência ecológica sabermos que estamos, através de um gesto simples como acumular água em baldes, cooperando para a preservação do meio ambiente com uma melhor utilização da água tratada.

Jorge André Irion Jobim