quinta-feira, 18 de junho de 2009

REINO DA ATAVUS. A PRINCESA NATHÁLIA


A história


Seguidamente me pego lembrando do tempo em que eu ficava fascinado com algumas histórias que meu avô contava quando eu era menino. Ele tinha um jeito todo especial para contá-las, já que havia passado por muitas experiências, tendo uma visão da vida completamente diferente daquela que tinham as outras pessoas.

O reino de Atavus

Ele sempre relatava que em uma de suas viagens pelas longínquas terras do norte, passou por um reino chamado Atavus, nome que era originário da língua latina e que significa o pai do trisavô ou da trisavó, ou seja, os antepassados. Em português significa aquilo que é transmitido ou adquirido por atavismo, que é justamente a herança de certos caracteres físicos ou psíquicos de ascendentes remotos. O nome vinha do fato de que os habitantes do reino acreditavam que todas as verdades últimas nos são transmitida geneticamente, bastando que nós saibamos revelá-la através da meditação profunda.

A religião

Segundo ele, o que mais lhe chamou a atenção no reino de Atavus, foi o fato de que lá não havia religião e portanto, não existiam deuses. A população atendia suas necessidades místicas plenamente apenas com a comunhão e harmonização com o universo. Assim sendo, não havia necessidade alguma de religiões que pudessem aprisionar suas mentes.

Os pecados

Lá também não existiam pecados, já que os habitantes em harmonia com o todo, seguindo o fluxo natural da vida e aceitando que os outros também o seguissem, não extrapolavam os limites praticando condutas que pudessem ser lesivas ao grupo e que pudessem ser erigidas à condição de pecado.

O governo

No reino de Atavus, as pessoas que mais se destacavam por seu conhecimento, sabedoria e ações, eram naturalmente elevados pela população à condição de governantes, passando a ser chamados de Rei ou de Rainha. Na verdade, eram uma espécie de grandes conselheiros que, tal qual um farol, procuravam indicar aos demais habitantes, qual o caminho a ser seguido nas questões essenciais que pudessem abalar o reino.

Os reis

Contava meu avô que na época em que ele por lá passou, o rei e a rainha eram pessoas muito sábias e magnânimas. Pairava porém, uma certa tristeza no semblante das pessoas, pois apesar de toda sua paz e harmonia, faltava-lhes alguma coisa que eliminasse uma espécie de cor cinzenta que predominava no reino e que retirava um pouco da alegria dos habitantes.

A princesa

Foi justamente por isso, que as forças da natureza que tinham um carinho especial pelo Reino de Atavus, se reuniram extraordinariamente e resolveram que para atingir a perfeição, ele precisava de alguma coisa que lhe trouxesse alegria e colocasse sorrisos nas faces de seus moradores. Foi assim que decidiram enviar para o rei e a rainha, uma princesa cujo destino seria o de colorir o reino com as cores da felicidade.

O nome

Logo que ela nasceu, ares de um novo tempo já começaram a soprar por todo o território de Atavus e os pais orgulhosos tiveram que decidir qual seria o nome dessa princesa. É necessário esclarecermos que, na época, os nomes eram dados posteriormente ao nascimento da criança, sempre levando em conta as características e tendências naturais por ela apresentadas logo em seus primeiros anos. Tal qual acontecia com algumas tribos indígenas, eles entendiam que o nome deveria surgir naturalmente, como se fosse dado pelo próprio universo através do murmúrio do vento.

A escolha

E assim aconteceu. A primeira parte do nome da princesa foi fácil. Como os reis eram muito eruditos, decidiram que o nome iniciaria com “nata”, palavra de origem latina que significa filha. Só faltava agora, a continuidade do nome, justamente a parte que iria caracteriza-la e diferencia-la das demais crianças. Foi assim que passaram a observa-la atentamente na medida em que ela ia crescendo.

Como a menina vivia no mundo da lua, chegaram a pensar em chamá-la de Nathalua. Mas a rainha observou que ela também gostava de contos, histórias e lendas, surgindo a idéia do nome Nathalenda. Não, pensou o rei; ela vive correndo e girando como um vento norte; vamos chamá-la de Nathavento.

Até que, finalmente, como observaram que ela era uma criança que lia o dia inteiro, decidiram dar-lhe o nome de Nathalia. Acontece que a população, por acha-la muito linda, acabou apelidando-a de Nathalinda e esse foi o nome que acabou predominando.

A aquarela

Dúvidas à parte, meu avô ressaltava que a partir do momento em que a Princesa Nathalia ou Nathalinda nasceu, o reino nunca mais foi o mesmo. Tal qual uma aquarela viva, ela passou a colorir todo o reino com suas cores alegres e contagiantes.

Mas não era só isso. Muitas histórias de suas traquinagens ficaram célebres, cruzaram mares e montanha, sendo até hoje contadas pelos quatro cantos do mundo. Bem, mas isso é assunto para outro capítulo. Esperem e verão.

Jorge André Irion Jobim.